Fogem
ao objetivo deste recado discussões técnicas em sua
profundidade e complexidade.
O
objetivo é levar aos amigos motociclistas alguma preocupação,
com reais fundamentos, quanto aos cuidados com as peças
“nuas” polidas (rodas, manetes, carcaças de motor, etc),
niqueladas e/ou cromadas (tubos de escape; capas de espelhos;
acessórios; etc).
É
fato que alguns amigos motociclistas tem extremo esmero com suas
máquinas e, às vezes, por pouca experiência no trato das peças
acabam por prejudica-las e, por conseqüência, gastando
dinheiro e irritação além do que seria necessário.
Por
que?
-Paradoxalmente
os materiais chamados “inoxidáveis” são inoxidáveis em
função da sua característica
de serem extremamente oxidáveis (inclusive o aço
inoxidável)
-Parece
absurdo...mas, não é.
-O
fenômeno é o seguinte:
-Esses
materiais (alumínio, ligas de magnésio, aço inoxidável e
outros) no seu processo
inicial de fabricação
não têm “brilho de espelho”.
Para chegar-se a isso é necessário um processo
de “lixamentos” sucessivos (profissional) com abrasivos (não
metálicos) de grãos cada
vez menores, sempre no sentido de ir diminuindo a rugosidade
superficial da peça até chegar-se
a um abrasivo tão fino (chamado polidor) que confere à superfície
uma homogeneidade
tal que produz o “efeito de espelho”.
-Esse
“efeito de espelho” consegue-se em muitos tipos de
“metais” inclusive no aço comum
(não inoxidável), entretanto não sendo “inoxidável” ele
“enferruja”. Daí aplicar- se
a cromação ou niquelação ou douração etc. via
galvanoplastia após o polimento.
-No
caso dos materiais citados antes, ocorre o paradoxo: “eles
oxidam com extrema rapidez (segundos)” só que em função
das características químicas dessas “ligas de metais inoxidáveis”
ocorre a formação de uma película oxidada extremamente
delgada. Tão delgada que não “apaga” o brilho da peça.
-Em
alguns materiais, como ocorre nas ligas de alumínio, magnésio
e outras, com o passar do
tempo e condições atmosféricas essa película vai “se
espessando” até o ponto em que a peça
fica “opaca e sem brilho”.
-Esse
é o paradoxo. Para
que a peça não seja corroída e mantenha a brilho por mais
tempo é necessária a presença do oxigênio na formação de
película oxidada (protetora).
-O
tempo necessário para o “espessamento” da película varia
de metal para metal.
-As
peças “nuas” (sem revestimento por galvanoplastia) podem
ter seu brilho restaurado
por nós mesmos com o
uso dos polidores comuns apropriados.
-No
caso dos aços inoxidáveis o brilho é praticamente perene.
-Toda
vez que se arranha uma superfície, dessas, nova película irá
se formar imediatamente
naquele local.
-É
isso que permite o re-polimento desses materiais.
-É
comum, também, que peças fabricadas nesses materiais tenham
aplicação de revestimento
por galvanoplastia (niquelação, cromação, douração,
etc) com a finalidade de se
conseguir um brilho maior e/ou mais duradouro.
-Um
exemplo muito comum tem-se nos caixilhos de alumínio para as
janelas dos prédios e residência
os quais, comumente, tem um tratamento químico superficial
conhecido como anodização.
-No
caso de materiais que são brilhantes (espelhados) graças a
processo de galvanoplastia(cromados,
niquelados, dourados, etc.) o fenômeno de formação da “película protetora”
é análoga, entretanto deve-se levar em conta que a camada de
depósito (“revestimento”)
de níquel, cromo, etc. é extremamente delgada (mede-se em
micra) e portanto
um eventual arranhão pode feri-la por completo atingindo o
metal base que:
a)que
no caso de ferro (ou aço comum) irá desenvolver o fenômeno
chamado
“ferrugem”.
b)no
caso das “ligas leves” (ligas de alumínio, antimônio, etc)
o metal base ficará
exposto e
desenvolverá mancha. Aplicação de polidores aceleram o
desgaste do
material aplicado por
galvanoplastia.
c)nas
“ligas leves”; quando o metal base já está exposto a gente
vê aquela “cor
preta” manchando o
algodão quando aplicamos o polidor.
-Que
fazer?
-
1) nunca encerar ou colocar quaisquer tipo de protetor em
uma peça polida(elas
precisam de oxigênio).
-
2) jamais limpar essas peças com esponja metálica (tipo
bom-brill) (elas depositam
minúsculas partículas
de ferro que irão “enferrujar-se” causar danos às vezes
irreversíveis).
-
3) A limpeza química com produtos tipo “lava-baú”
agridem quimicamente a
superfície causando
rugosidade e eliminando o brilho e até retirando os depósito
aplicados por
galvanoplastia. O que irá exigir restauração profissional.
-
4) Quando for o caso; desengraxar com solventes orgânicos,
lavar com detergentes
comuns, secar e
lustrar com pano macio e seco.
Essas superfícies são
de pouca dureza, portanto riscam com facilidade.
-
5) Use apenas produtos de qualidade e especializado para
o efeito desejado depois
de conhecer
peça-a-peça.
-
6) Na dúvida procure profissional especializado. Fujam
de curiosos.
Luiz Gomes
(produtor
de aços)